quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Chuvas de janeiro. "Tragédias" ou mortes anunciadas um ano antes?

Fico simplesmente indignada quando escuto repórteres e apresentadores chamarem de "tragédia" as vítimas das chuvas de janeiro. Há quanto tempo isso acontece aqui no Brasil (sempre no mês de janeiro)? A mídia utiliza as mortes de compatriotas para dar audiência aos seus programas, e fazem cara de espanto ao dar a notícia. Isso dá ânsia de vômito... Escrevi o título entre aspas porque são fatos anunciados!! Todos nós sabemos o que vai acontecer em janeiro, seja no RJ, SP, SC, BA...
Se o bicho homem já possui instrumentos para prever o clima por algumas semanas, se o ser humano está pensando em colonizar Marte, se temos tecnologias para colocar um paraplégico em pé... vai dizer que .. ah... a gente não sabia que o rio ia transbordar, a terra ia deslizar, nem é um tipo de terra que desliza, né? Me poupem! As autoridades sabem SIM qual é o tipo de solo no qual as casas estão fundadas. Sabiam SIM que casas (no ano passado), foram construídas sobre um antigo lixão, os geólogos sabem muito bem onde as "catástrofes" estão para acontecer durante as chuvas.
E como sempre, no Brasil, a vida não vale uma ponta de um corno, não vale nada. E ficamos aqui, esperando 2011 passar para chorar a "tragédia" e os mortos de janeiro de 2012.

Um comentário:

Carlos Alkmin disse...

Pois é. A chamada "mídia" faz de tudo pela audiência, mas não acho que seja dela a pior postura diante dos fatos.

Sim, a história não apenas se repete, mas ganha proporções maiores ano a ano. E não é na mesma proporção que abre os olhos de quem está na linha de frente.

Numa das reportagens a que assisti, foi comentado um aspecto que explica por que os acontecimentos eram previsíveis. Veja só: obras de prevenção têm pouca visibilidade. Por isso, não rendem votos e, pior, tornam-se impopulares ao envolver remoção de famílias de áreas de risco e outras medidas num primeiro momento antipáticas.

Uma coisa leva a outra: a falta de oportunidades em regiões carentes do país fez trouxe levas de habitação em áreas sem condições mínimas; os gananciosos se aproveitaram disso, seja nessas próprias áreas ou alterando a natureza em áreas próximas, o que acaba tornando ainda mais perigosos os terrenos irregulares. Todos juntos dão de ombros para os impactos que causam, seja por estarem envolvidos demais com a sobrevivência ou por achar que tudo tem que ser resolvido pelo "governo". Esquecem-se o que quer dizer "governo". Lixo? Deixa que a prefeitura leva... Enfim, não sentem as cidades como suas. Tudo isso temperado com as administrações incompetentes e/ou corruptas, a memória curta sobre os fatos e os envolvidos e está pronto o bolo.

Culpa da natureza? Não. Vejamos o exemplo de um país que temos dificuldade de compreender: o Japão, descrito nesta reportagem como local "inviável" para a formação de cidades.

http://glo.bo/hOL5zm

Isto ajuda a responder?

Triste demais o que aconteceu na região serrana do Rio. Pelas proporções, está mais para a tragédia do que para o controlável, no espectro das causas. Terá servido para, fazendo a nossa parte, reverter a situação? Ou continuaremos nos preocupando em saber quem vai para o paredão no BBB ou em que time vai jogar um milionário do futebol?